REAÇÃO OU RESISTÊNCIA AO FOGO?

As normas de proteção passiva contra incêndio no Brasil definem as regras gerais na construção de edifícios e os níveis de proteção contra incêndio exigidos baseando-se, principalmente, na utilização e na altura das edificações. Elas também definem regras relacionadas aos sistemas resistentes a fogo, detalhes de compartimentação e, às vezes, contêm procedimentos de inspeção e execução e métodos de ensaios do comportamento das estruturas e dos materiais em caso de incêndio.
 
Dois importantes e diferentes métodos de testes de fogo referem-se à "reação ao fogo" e à "resistência ao fogo". Esses conceitos, muitas vezes, podem levar a mal-entendidos ou confusão para engenheiros, arquitetos e projetistas ao escreverem especificações genéricas ou na hora de definir os sistemas a serem usados ​​na compartimentação das edificações. Há, no entanto, uma distinção fundamental entre as duas concepções.

Figura 1 – Selagem após um teste de resistência ao fogo

O que é Reação ao fogo?
 
Se um incêndio for capaz de encontrar materiais inflamáveis ​​suficientes, ele se espalhará mais rapidamente por uma determinada área. Portanto, é crucial usar materiais de combustibilidade mais limitada e o teste de reação ao fogo avalia a contribuição de um material de construção para o desenvolvimento de um incêndio, principalmente avaliando seu nível de combustibilidade. É a resposta de um produto ao fogo ao qual está exposto, em condições especificadas. Esta é uma característica única de cada material, orientada para o produto para qual finalidade ele é feito.
 
A NBR 16626  é a responsável por classificar os produtos da construção de acordo com a maneira que reagem ao fogo e define os procedimentos que serão efetuados para classificar a reação ao fogo que cada produto em uma construção tem, exceto os utilizados nas instalações elétricas e hidráulicas das edificações. Este conceito é dividido em quatro etapas de comportamento desses materiais:
 
·      Início e sustentação da ignição
·      Desenvolvimento do calor
·      Propagação das chamas
·      Desprendimento de partículas (gotejamento)

Antes e durante essas etapas, os materiais analisados podem afetar diretamente no comportamento do incêndio de formas diferentes:
 
·      Favorecendo o surgimento de um foco de incêndio;
·      Contribuindo com a inflamação generalizada;
·      Propagando o incêndio na edificação ou entre diferentes edificações;
·      Dificultando o abandono do ambiente;
·      Dificultando o combate inicial e o controle do incêndio.

O que é Resistência ao Fogo?

 
A resistência ao fogo é a capacidade de um sistema ou elemento construtivo de compartimentação de resistir à passagem do fogo em uma situação de incêndio totalmente desenvolvido e evitar o aumento da temperatura entre os lados expostos e não expostos.
 
Como exemplo, a resistência ao fogo de um sistema de selagem é medida de acordo com dois critérios:

E – Integridade
A integridade é a capacidade de um elemento construtivo de suportar a exposição ao fogo em um lado apenas, por um determinado período de tempo, sem que haja a transmissão do fogo para o outro lado, avaliada pela ocorrência de trincas ou aberturas que excedam determinadas dimensões, pela passagem de quantidade significativa de gases quentes ou chamas, ou pela falha dos mecanismos de travamento no caso de elementos móveis, como portas e vedadores.
 
I – Isolamento
O isolamento (ou isolação térmica) é a capacidade do elemento construtivo de compartimentação de suportar a exposição ao fogo em um lado apenas, por um determinado período de tempo, contendo a transmissão do fogo para o outro lado, causada pela condução de calor em quantidade suficiente para ignizar materiais em contato com a sua superfície protegida e, também, a capacidade de prover uma barreira ao calor, que proteja as pessoas próximas à superfície oposta ao fogo durante o período de classificação de resistência ao fogo.


Figura 2 – Representação da Integridade e Isolamento

A falha do critério de integridade ou de capacidade portante acarreta imediatamente na falha do critério de isolação térmica para o mesmo período de resistência ao fogo. A avaliação do critério de isolação térmica depende do tipo de elemento a ser ensaiado.
 
Há vários outros critérios de medição e classificação para sistemas diferentes, dependendo de sua finalidade como por exemplo Redução da Radiação Térmica (critério W), Ação Mecânica (critério M), Controle de Fumaça (critério C) e assim por diante.
 
De acordo com a NBR 16945, os tempos de resistência ao fogo permitidos aos elementos construtivos devem ser apresentados em minutos e estar contidos na seguinte lista: 15, 30, 45, 60, 90, 120, 180, 240 ou 360. Ao término do ensaio de resistência ao fogo, o tempo classificatório obtido para cada critério deve ser arredondado para um desses valores, sempre para baixo. Esta classificação normalmente representa o período durante o qual um sistema de proteção passiva contra incêndio/elemento de construção pode resistir a um teste padrão de resistência ao fogo.

E quanto aos produtos firestop (selagem)?

 
Ensaios de reação ao fogo são feitos nos materiais para conhecermos sua classificação quanto à combustibilidade dos produtos, e, para os sistemas firestop, como fazem parte da compartimentação das edificações, necessitam também da classificação de resistência ao fogo quando instalados em pisos ou paredes de compartimetação para a proteção de passagens de tubulações, cabos, dutos, etc.
 
De posse dessas informações, os engenheiros e projetistas devem verificar as aprovações dos sistemas de selagem, onde se encontram todas as informações sobre sua classificação, limites de aplicação e especificar em seus projetos de acordo com suas destinações e necessidades específicas, atendendo aos regulamentos dos bombeiros, as normas de construção e as de segurança contra incêndio.
 
Selagem é, portanto, um assunto a ser verificado durante o projeto das instalações para que suas aprovações e limites das aplicações sejam contemplados e, quando chegar na fase de execução, tudo já esteja bem definido.
 
A Hilti é líder do mercado global em sistemas de proteção passiva. Nossa dedicação a testes rigorosos e desenvolvimento de normas ajudam a tornar os edifícios mais seguros, salvando vidas e protegendo ativos, com confiabilidade comprovada e excelentes serviços.